terça-feira, 21 de outubro de 2008

Tecnologia na Educação

A Tecnologia na Educação
Eduardo O C Chaves
Muitos autores têm chamado nossa atenção para o fato de que se um médico, um engenheiro e um professor tivessem sido congelados cem anos atrás, no final do século dezenove, e, agora, fossem descongelados e tivessem que voltar a exercer suas profissões, o médico e o engenheiro não teriam a menor condição de voltar a trabalhar sem extensa readaptação, pois suas profissões foram profundamente transformadas, nos últimos cem anos, em grande parte pelas descobertas científicas e pelos desenvolvimentos tecnológicos.
O médico (para pegar só esse exemplo) não saberia o que fazer com tomógrafos, equipamentos de ultrassonografia, ressonância magnética, cintilografia, não conheceria a maior parte dos remédios hoje disponíveis, ficaria abismado, dentro dos centros cirúrgicos, com as técnicas cirúrgicas, as operações feitas com a ajuda de microcâmeras, o uso do laser, e de tantas outras coisas. Ele teria, na realidade, que reaprender a exercer a sua profissão.
O mesmo vale para o engenheiro e para quase todas as outras profissões que já existissem cem anos atrás.
E o professor? Este, em contraste com o médico, provavelmente entraria sem problemas numa sala de aula típica de nossas escolas e, ressalvada alguma desatualização nos conteúdos (que estariam meio envelhecidos), não teria a menor dificuldade em continuar a dar aulas do mesmo jeito que o fazia há 100 anos – porque esta é a forma que a maior parte dos professores de hoje ainda dá aulas. Ele não precisaria, de forma alguma, reaprender a exercer a sua profissão.
Por que esta diferença? Por que este contraste? Por que, de todas as áreas de nossa sociedade, a educação escolar é a que mais tarda em se valer das tecnologias de informação e comunicação que hoje estão disponíveis?
Se a educação escolar deve, hoje, preparar as pessoas para viverem, como indivíduos, cidadãos e profissionais, no século XXI, em que a presença da tecnologia na vida diária, social e profissional certamente será maior ainda, por que não nos valemos, para educar, dos recursos tecnológicos à nossa disposição?
Não há nada sagrado e permanente nas tecnologias que usamos para educar.
Antigamente, usava-se apenas a voz. Sócrates, talvez, seja o maior educador que se valeu exclusivamente de sua voz para educar. Ele chegou até mesmo a criticar o uso de materiais escritos (textos) na educação: segundo ele, textos, além de enfraquecer nossa memória, não permitem a interação e o diálogo que, para ele, era essencial na educação.
Apesar da oposição de Sócrates, as tecnologias envolvidas na preparação de materiais escritos entraram, e entraram para ficar, na educação.
Originalmente manuscritos, os textos, a partir de meados do século XV, começaram a ser impressos - o livro impresso sendo mais uma tecnologia que alterou profundamente nossa forma de educar.
Hoje não saberíamos educar sem usar materiais escritos para preparar nossas aulas, sem poder esperar que nossos alunos tenham acesso a livros texto, livros paradidáticos, enciclopédias, revistas, jornais, e materiais impressos de toda a ordem. Levou quase 500 anos para livros e revistas serem vendidos, por baixo preço, em bancas que encontramos a cada esquina, e para se tornarem onipresentes na educação.
É possível que daqui a uns vinte anos, quem sabe menos, as pessoas olhem para trás e se perguntem como é que nós educávamos, no final do século XX, sem computadores, sem redes digitais que transmitem informações multimídia de um canto para o outro do mundo em microssegundos, sem ferramentas de busca e pesquisa que nos permitem encontrar qualquer informação em segundos, sem poder nos comunicar instantaneamente uns com os outros independentemente do local em que nos encontramos. Ou será que daqui a vinte anos ainda estaremos educando do mesmo jeito de hoje, do mesmo jeito que o fazia, cem anos atrás, o professor congelado, usando apenas as tecnologias da voz, do livro, do giz e do quadro negro?
http://br.geocities.com/sjtadeu_qsol/tecnologianaeducacao_Chaves.doc

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Ensino e aprendizagem inovadores com tecnologias

"Educar é colaborar para que professores e alunos transformem suas vidas em processos permanentes de aprendizagem. É ajudar os alunos na construção da sua identidade, do seu caminho pessoal e profissional - do seu projeto de vida, no desenvolvimento das habilidades de compreensão, emoção e comunicação que lhes permitam encontrar seus espaços pessoais, sociais e profissionais e tornar-se cidadãos realizados e produtivos." Ensino e aprendizagem inovadores com tecnologias, José Manuel Moran. Clique no link acima e leia o texto na íntegra.

Aula sobre o Writer

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quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Metáfora do lápis

Há 2.007 anos, quando nossos ancestrais habitavam as cavernas, as crianças - que não tinham idade para caçar - eram diariamente mandadas a uma sala da caverna, para diminuir a destruição e o incômodo que causavam. O mais distinguido ancião da tribo que tivesse passado da idade de caçar era encarregado delas, e o melhor que podia fazer era ensinar-lhes a tradição, a mitologia, e a boa conduta na vida diária da tribo. Decorando, as crianças eram logo capazes de recontar, palavra por palavra, a história do Grande Orelha, o grande caçador de mamutes, de contar nos dedos dos pés e das mãos o número de folhas de figo necessárias para temperar uma sopa de leão para doze pessoas e de recitar os 17 versos do grande poema do Fogo que Podia.
Aprender não era fácil. Afinal, só havia uma quantidade determinada de coisas que poderiam ser memorizadas mecanicamente e só cálculos simples poderiam ser feitos nos dedos das mãos e dos pés. Ainda assim, esse aprendizado era realizado com prazer por todos. Um dia, a palavra chegou com os pássaros migratórios de uma nova tecnologia, uma ‘tecnologia em muitos séculos de invenções’: O Lápis. Foi um burburinho é, sem hesitação, dois anciões foram mandados à Grande Caverna para aprender tudo sobre aquela maravilha. Quando voltaram, uma sala especial da caverna foi imediatamente aparelhada para se fazerem estudos sobre o lápis. Foi acarpetada com as maiores folhas de mamoeiro e mobiliada com almofadas especiais, feitas de pêlo de camelo (daí a origem da palavra software). Nenhuma criança podia entrar na sala sem lavar as mãos!
Fascinado com a nova tecnologia, o ancião mais voltado para o futuro foi nomeado para começar o planejamento e o ensino dos Estudos sobre a Capacidade do Lápis na sala recém aparelhada. Aliás, bastante cedo, surgiu um completo e o mais interessante currículo de Lapislogia. E como era interessante! O currículo trazia tópicos maravilhosos! Como apontar um lápis e como usar a outra ponta para apagar; como equilibrar um lápis na orelha e como segurá-lo entre os dedos. A criança estudiosa, que tivesse sido bem sucedida nessas etapas mais difíceis, poderia começar a usar o LapisLogo (para desenhar flores), o LapisScribe (para rabiscar letras) e o LapisSupposer (para traçar a área de folhas de desenho incomum). As crianças mais bem sucedidas, a nata da nata, poderiam ainda entrar no LapisBase - para enumerar as invenções de armas da tribo, o campo de caça e a família das árvores.
Um desenvolvimento interessante deu-se bem diante dos olhos dos anciães. As crianças começaram a escrever.Havia, é claro, alguma preocupação com relação à possibilidade de esse novo empreendimento interferir (ó Deus!) no que tinha sido desenvolvido no ensino de rotina da caverna regular. Lá, os professores (naquele momento já havia dois) estavam verdadeiramente preocupados como fato de que a introdução do lápis na sala privilegiada pudesse forçar algumas mudanças no aprendizado mecânico, tão bem estabelecido. Na verdade, havia uma mulher da tribo, conhecida pelo seu modo provocativo de encarar a vida (ela uma vez sugeriu que as crianças inventassem suas próprias histórias, mas é claro que em silêncio), que propôs usar o lápis em todas as atividades de aprendizado das crianças, talvez para escrever, possivelmente para fazer contas.
Mas não havia realmente espaço para esse tipo de preocupação. Por que, afinal, alguém, com exceção da excêntrica mulher, chegaria a sugerir que aquele maravilhoso currículo de Lapislogia, supervisionado por renomados peritos, com suas possibilidades de desenho, escrita e cálculo, fosse tirado da sua sala especial para substituir o aprendizado automático? Por que um lápis deveria ser usado como instrumento nas rotinas diárias? E, o mais importante, por que no mundo alguém iria pensar em acabar com a mais glamurosa das salas, tão bem acarpetada e mobiliada, e ter sua peça mais valioso, o Lápis, distribuída entre outras salas e a professores de menor merecimento? A sabedoria prevaleceu. Não se permitiu a entrada de lápis na sala de aprendizado regular.(Fonte: “O laboratório de computador: uma má idéia, atualmente santificada”, de Gavriel Salomon).